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Estados Não Ordinários
de Consciência

A investigação sobre os estados de consciência tem suscitado cada vez mais interesse em algumas disciplinas da ciência como a psicologia, as ciências cognitivas, a psiquiatria, a psiconeuroimunologia e até mesmo a física. O mesmo acontece com o interesse crescente sobre os estados não ordinários de consciência.

Essencialmente existe três estados de consciência: o estado de consciência de vigília, que é quando estamos acordados e podemos executar alguma tarefa prática, como ler, escrever ou cozinhar; o estado de sono, que é um este estado profundo de consciência, mas ainda sem sonhos, onde estamos muito mais relaxados, não há atividade mental nem corporal e os estímulos provenientes do meio externo captados pelos nossos sentidos não estão presentes, mas também os estímulos provenientes do nosso interior, tais como emoções, pensamentos ou imagens mentais também não chegam à nossa consciência. Aqui não há perceção e a atenção fica em repouso. O terceiro estado é o estado de sonho ou estado REM – Rapid Eye Movement é caracterizado por uma atividade espontânea do cérebro que produz imagens oníricas que deambulam pela consciência deixando, por vezes, ao acordarmos, leves impressões na memória. Aqui a atenção foca-se nessas imagens oníricas.

Além destes três estados, existem outros estados que são os não ordinários de consciência, ou o que Grof designou de estados holotrópicos da consciência.

Um dos autores mais importantes nesta área da investigação sobre os estados não ordinários de consciência é Charles Tart, conhecido sobretudo pelos seus trabalhos pioneiros acerca destes estados e das experiências extracorporais. Além disso, este autor está também ligado ao início da psicologia transpessoal. Para Tart, um estado alterado de consciência é um estado mental induzido por fatores fisiológicos, psicológicos ou farmacológicos, que pode ser reconhecido subjetivamente pela pessoa e que representa uma forma diferente de funcionamento normal da mente do indivíduo, verificando-se um maior foco nas sensações internas e nos processos mentais, alterações na forma de pensar e uma deterioração gradual na capacidade em reconhecer a realidade comum.

Vários outros autores foram explorando estes estados como Stanley Kryppner que chega a classificar 20 estados diferentes de consciência. Mircea Eliade que fala das técnicas de êxtase, Carlos Castañeda que fala do estado de Nagual. Stan Grof que fala dos estados holotrópicos de consciência, que podemos associar a estados de conhecidos nas tradições orientais como nirvana, samadhi, gama, transe, satori, consciência cósmica, supraconsciência, etc., sendo todos estes, nomes para a mesma manifestação.

É através desses estados que conseguimos a conexão com os nossos mitos, símbolos, com nossa verdade interior. Conseguimos expandir a perceção para mistérios que estão guardados em nós mesmos e que através da consciência ordinária não conseguimos alcançar. Religamo-nos com o sagrado e com a fonte criativa de tudo o que nos acontece. Acedemos às memórias perinatais e transpessoais. Existem diversas técnicas ou rituais para se chegar a estados mais profundos de consciência, dentre elas: tambores, danças, jejuns, respirações, posturas corporais, plantas sagradas como a ayahuasca, o peiote, huachuma ou São Pedro, salvia divinorum, medicinas psicadélicas como a psilocibina, o LSD-25, o DMT, e tantas outras que funcionam como catalisadores para a alteração da nossa consciência de forma não tóxica e terapêutica.

Referências Bibliográficas

  • Bizarro, R. (2018). Respiração Holotrópica: Uma Abordagem Transpessoal. Edições Mahatma
  • Tart, C. (1972). Altered States of Consciousness. Doubleday
  • Grof, S. (2010). Holotropic Breathwork : A New Approach to Self-Exploration and Therapy. State University of New York Press