Ritual Trance Dance®
Ritual Trance Dance foi criado por Frank Natale na década de 70 do século passado e até 2021 foi Wilbert Alix, o seu percursor até ao momento em que morreu.
O Trance Dance é uma combinação de movimento corporal, sons, ritmos percussivos dinâmicos, respiração e o uso de uma venda. Todos estes fatores permitem o acesso a um estado de transe que promove um despertar da nossa intuição, maior clareza interna, aumento da resistência física e do bem-estar emocional.
Frank Natale | Wilbert Alix
Dito desta forma, parece muito fácil, para quem nunca experienciou esta prática mas, de facto, a experiência diz-nos que é assim mesmo, um método simples, eficaz e poderoso, que passa por dançar com o máximo de escuridão, de forma a evitar qualquer distração com o mundo externo e possibilitar o acesso a respostas internas e, muitas vezes, soluções para as questões colocadas antes do ritual. O uso de uma intenção antes do ritual, como em todas as práticas xamânicas, é também essencial para criar uma maior consciência e profundidade à prática.
A utilização de uma venda torna-se num dos elementos mais importantes deste ritual, permitindo que a nossa consciência se internalize no processo vivenciado.
O movimento é fundamental, sendo esta uma forma de linguagem não verbal, onde a mente fica de lado permitindo assim um movimento mais espontâneo, intuitivo e não intencional. O movimento também nos ajuda a estarmos mais presentes até um determinado ponto em que o dançarino desaparece e torna-se na própria dança.
Uma vez que as pessoas não estão habituadas a este processo, inicialmente pode tornar-se mais desafiador, sendo que com a prática os desbloqueios surgem e a mente vai interferindo cada vez menos. Com o tempo torna-se cada vez mais fácil aceder a estes estados não ordinários de consciência.
No Trance Dance, recorremos a um tipo de respiração que se chama respiração de fogo, firebreathing, e que ajuda de forma bem eficaz a que os participantes iniciem os rituais ou aprofundem a sua experiência durante o mesmo. Esta é uma ferramenta chave que nos permite ligar o nosso motor interno e ajudar-nos a entrar num estado não ordinário de consciência.
Este trabalho é acompanhado por um tipo de música específico, culturalmente não conhecida e que obedece a vários critérios para ser criado um conjunto de músicas eficazes. A música é um dos elementos que levam os participantes a realizarem uma jornada interior e acederem a estes estados profundos de consciência, de uma forma natural, simples e poderosa.
Estas viagens têm sido uma parte vital das culturas de dança xamânica, por todo o mundo ocidental e oriental desde há milhares de anos. Tradicionalmente, esses rituais eram acompanhados pelos ritmos dos tambores, que são o bater do nosso coração, tornando-se assim um som hipnótico. Esta batida dos tambores leva-nos a um estado de transe, quando o ritmo é contínuo e constante. Atualmente nos rituais trance dances, os tambores são utilizados, assim como outros elementos orgânicos, mas a base musical que é usada é amplificada através de um sistema de som. Os ritmos são mais lentos no início do ritual, intensificam-se até atingirem um pico e voltam gradualmente a abrandar até ao momento final onde os participantes são convidados a deitarem-se e relaxarem.
Na fase final do ritual a música termina e os participantes são convidados a deitarem e a usufruírem da experiência. Aqui é realizada uma viagem sonora com instrumentos meditativos que levam cada um a aprofundar a experiência interna e a integrarem as vivências experienciadas durante a dança e o movimento. Esta é uma fase fundamental para o encerramento deste ritual.
A abordagem contemporânea do Trance Dance combina esses rituais ancestrais com técnicas atuais, criando assim um método inovador, eficaz e transformador para o ser humano.
Referências Bibliográficas
- Natale, F. (1995). Trance Dance: The Dance of Life. Element Books Ltd
- Roth, G. (1998). Maps to Ecstasy: The Healing Power of Movement. New World Library